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"BIXA PRETA POBRE VADIA DEGENERADA": O artista e a marginalização do guverno.

"Bixa, Preta, Pobre, Vadia, Degenerada":

O artista e sua marginalização

Acordei hoje com uma intimação da polícia civil e é assim que vou começar meu semestre na segunda, dia 09: respondendo inquéritos policiais.

O que acontece é que algum indivíduo denunciou a performance que fiz com Jaja Rolim e AnaCaroline no evento Tubo de Ensaios, na FCE, Universidade de Brasília.

Venho apenas compartilhar esse acontecimento com vocês, pois estou cansado da forma que algumas instâncias lidam com atividades artísticas e, sobretudo, de discutir com policiais, governantes e transeuntes sobre o que é arte e o que não é.

Convivo com diversos artistas, curadores, críticos e historiadores da arte e afirmo com propriedade que temos bagagem e argumentação teórica suficiente para desenvolver o que desenvolvemos. Não é porque o político, o governante, o jornalista, o policial ou qualquer indivíduo não ENTENDA uma linguagem artística, como a performance, que eles têm o direito de classificar estas ações como arte ou não.

É fato que o governo vem marginalizando algumas ações artísticas há tempos: as verbas do FAC-DF foram diminuídas, estamos perdendo espaços expositivos e culturais, como o Espaço Cultural Renato Russo ou a Galeria 406; além disso, qualquer um que visita as salas da FUNARTE em Brasília consegue perceber a precariedade na sua infraestrutura, entre outras questões.

Nos últimos meses, tomei dois baculejos com o coletivo Algodão Choque​, em um fomos parados a tiros e, no outro, apontaram uma metralhadora para nossos rostos. As minas da Casa Frida​ (São Sebastião) também foram agredidas em outros contextos, sem contar o evento cultural de halloween que foi impedido por policiais invadindo o espaço delas sem qualquer mandato. Não obstante, uma mina (mais uma) do coletivo Casa Preta (Gama-DF) foi brutalmente agredida na Rodoviária do Plano Piloto por defender uma mulher de três policiais.

Esses são só alguns dos casos que rolaram no DF nos últimos seis meses que eu tenho conhecimento. A nível nacional essas picuinhas se estendem a festivais de arte e diversos artistas como Yuri Tripodi e Coletivo Coiote​.

Até quando seremos tratados como bandidos? Até quando o pudor alheio vai continuar tentando nos normatizar?

Enquanto toda essa repressão acontece, CERCA DE 215 PESSOAS FORAM MORTAS POR HOMOFOBIA EM NOSSA TERRA EM 2014 E APROXIMADAMENTE CINCO MULHERES SÃO AGREDIDAS A CADA DOIS MINUTOS NO BRASIL.

E se você acha que não pode ficar pior, é constante as declarações da bancada religiosa no congresso envolvendo comentários homofóbicos, transfóbicos, machistas, entre outros.

Quando me perguntam por que eu me queimo em performance, por que eu faço drag, por que eu fiz uma chuca em um ambiente aberto da Universidade e vários outros por quês, a resposta é mais do que óbvia: porque enquanto houverem machões que tentem nos calar ou normatizar, aqui estarei, em uma luta política e, sobretudo, artística.

PODEM TENTAR NOS CALAR OU NOS PRENDER, MAS NENHUM HOMOFÓBICO, MACHISTA OU RACISTA PASSARÁ!

NÃO PASSARÃO!!

NÃO PASSARÃO!!

À todas as viadas, vadias, putas, degeneradas, pobres e periféricas: à vocês dedico meu carinho, à vocês dedico minha poesia.

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Lucas Roger.

Artista Visual e Performer.

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